Estagnação e mudanças
A década de cinquenta anuncia já certas roturas, sendo no entanto um período de estagnação. António Lopes Ribeiro prossegue o seu trabalho, moralizando (Frei Luís de Sousa – 1950), e Queiroga continua o seu, tentando excitar o imaginário pequeno-burguês (Sonhar é Fácil - 1951). Perdigão Queiroga passará a investir como produtor de documentários de actualidades e de filmes de propaganda que antecedem as projecções nas salas de cinema e que circulam por todo o país (Imagens de Portugal)
O primeiro sinal de mudança é dado por Manuel Guimarães que, com veia neo-realista (ver: neo-realismo), opta por dar a ver às pessoas o lado mais cru das coisas: Saltimbancos (1951), Nazaré (1952). Manuel Guimarães, assumindo-se na convergência da tradição realista, de Pallu a Barros, acentuará a nota vanguardista no seu assumido neo-realismo, que nunca o chegará verdadeiramente a ser, pelo menos tanto quanto ele desejava que tivesse sido. Nazaré foi um filme ferozmente censurado. Realismo sim, mas de boas maneiras. Marcas destas por certo teriam tido outro uso no cinema se o regime o tivesse permitido.
Alguns outros filmes da década :
Chaimite (1953), de Jorge Brum do Canto, a velha África nossa, O Dinheiro dos Pobres (1954), de Artur Semedo, censurado, Vidas sem Rumo (1956) de Manuel Guimarães, censurado, A Viagem Presidencial ao Brasil (1957), média metragem apoteótica de António Lopes Ribeiro, A Costureirinha da Sé (1958), de Manuel Guimarães, a bonitinha Aurora, o mar do Porto, a faina do Douro, a alta costura a cores, A Luz vem do Alto (1959), de Henrique Campos, a crença e a descrença em aceso confronto, e, desse mesmo ano, a média metragem de Manoel de Oliveira, O Pão nosso de cada dia.
Os novos agentes
A RTP (Rádio Televisão Portuguesa) é criada em 1955 e terá um papel importante na divulgação dos clássicos, na mudança dos hábitos de consumo de conteúdos fílmicos e, em especial, quando abre as suas portas à produção externa depois de 1974. Entretanto, o Estado, em precoce Primavera Marcelista, consente em financiar o cinema português e cria, em legislação desta e da década seguinte, o Fundo de Cinema. Os fundos são destinados tanto à produção de filmes como à Cinemateca Portuguesa (1948), que só tardiamente abre portas, em 1958. A sua primeira iniciativa é uma retrospectiva do cinema americano, com os films d'auteur descobertos pela Nouvelle Vague, evento que Alberto Seixas Santos e António Pedro Vasconcelos orgulhosamente consideram, na revista O Tempo e o Modo, como «o maior acontecimento cultural desde o aparecimento de Orfeu».
sábado, 11 de abril de 2009
Anos 50
Marcadores:
António Lopes Ribeiro,
curtaslongas,
Estagnação e mudanças,
Filmes,
generos,
longas,
RTP
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário