quinta-feira, 23 de abril de 2009

Entrevista com Alexandre Castro



Quinta Feira, no blogue Dia da Entrevista.
Hoje temos um convidado muito especial o guionista Alexandre Castro, que fez um masterclass com o roteirista brasileiro Aguinaldo Silva.

Como foi o seu percurso até chegar ao Guionismo?

Depois de tirar o curso de Ciências da Comunicação, fiz jornalismo full-time durante 7 anos, na Imprensa e TV. Seguiu-se um período em que passei a trabalhar como free-lancer e onde estive num projecto de televisão interactiva. A partir daí, percebi que já não queria continuar no jornalismo, mas queria continuar a escrever e o guionismo foi aquilo a saída mais natural, mais não seja porque sempre tive uma forte ligação ao cinema.



Participou numa MasterClass, dirigida por Aguinaldo Silva, autor dos maiores sucessos televisivos brasileiros, não se sentiu um privilegiado?

Sem dúvida. Além de excelente autor, é um excelente formador. E posso dizer que boa parte do que aprendi com ele,V já tive a oportunidade de aplicar em trabalhos que desenvolvi posteriormente. Ou seja, não se trata de um teórico, mas um guionista com um profundo conhecimento da área e um mestre a transmiti-lo.



Você para cinema só escreveu por enquanto curtas-metragens, para quando uma longa-metragem?

Tem faltado tempo, mas também o sentimento de que é necessário contar “aquela” história. De qualquer forma, sei que vai acabar por acontecer, naturalmente.



É argumentista de várias telenovelas portuguesas? Qual deu mais prazer de escrever? Porquê?


Em todas elas aprendi muito, mas o remake da Vila Faia foi aquele onde pude ir mais longe como guionista, por também ter tido as funções de autor. Foi a mais exigente, mas aquela da qual me sinto mais próximo.



Ao longo da sua carreira, já escreveu para teatro, TV, Jogos de Computador e Multimédia. Qual considera mais difícil?

Actualmente, os vídeo games são, sem dúvida, os mais exigentes. A indústria está a mudar muito rapidamente e, muitos jogos, estão já a utilizar narrativas complexas e de tal forma intrincadas que constituem um autêntico quebra-cabeças para o guionista.



Você além de Guionismo, já fez edição, foi jornalista, podemos considerar um homem dos sete ofícios?

Nem por isso. De certa forma, há uma ligação entre as duas profissões. O que acho é que a determinada altura fiz um desvio, mas mantive-me fiel à área da escrita. E agora pretendo ficar por aqui por muitos anos.


Qual o conselho que dá aos novos guionistas?

Encontrar o equilíbrio entre a criatividade e a racionalidade. Depois, é ter disciplina e perseverança.



Como avalia a situação do mercado português em relação a profissão de Guionismo/Argumentista.

Muito difícil, mas eu não sou um pessimista. Acho que, no nosso mercado, a saída é a diversificação.



Qual a sua opinião sobre o cinema português? E o que devíamos melhorar no cinema português para atrair mais publico?

É evidente que há um divórcio entre o público e o cinema nacional, apenas contrariado pelos filmes de forte teor comercial que têm surgido nos últimos 3,4 anos. Não tenho nada contra o cinema de autor, nem tão pouco contra o cinema comercial. O que gostaria que acontecesse nos próximos anos, como guionista e espectador, é começassem a surgir mais filmes entre os dois pólos referidos. Acho que o vazio tem estado aí. E tenho poucas dúvidas que o público iria corresponder.



Devia haver mais incentivo e patrocínio do estado e das televisões privadas?

Em relação ao Estado, o que deve haver é “melhor” incentivo ou, então, vamos continuar a subsidiar filmes para serem vistos por 100 pessoas. “Melhor” incentivo significa ser mais selectivo e rigoroso nas escolhas, mantendo uma margem de risco que é sempre necessária, embora sem olhar a nomes pré-estabelecidos. Quanto às televisões privadas, acho, de facto, que podiam arriscar um pouco mais. Tenho esperança que isso acabe por acontecer de forma sistemática.



Com novos midia agora como veículos de produção como Internet e Telemóvel, não devia ser possível assistir a conteúdos audiovisuais e de baixo custo, para podermos promover a nossa cultura e outro tipo de programas?

Acho que isso está a acontecer de forma tímida, mas vai acabar por ganhar dimensão, a curto, médio prazo. É uma das áreas que mais me interessa no momento.



Já pensou em desistir da sua carreira de argumentista?

Nunca.



Projectos para o Futuro?


Provavelmente, uma série e uma telenovela para TV; de certeza, dar um curso de guionismo.


O blogue Curtas e Longas mais uma vez agradece a disponibilidade de Alexandre Castro. Encontramos na próxima Quinta com outra entrevista.

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